Um filtro de carvão ativado é um equipamento largamente usado nos sistemas de tratamento de água pois além de versátil e eficaz é de fácil operação. Contudo, para que tenha a finalidade a que se destina de modo eficiente e ter sua vida útil maximizada, são necessários cuidados simples, mas de extrema importância, tais como a sanitização e controle microbiano do sistema.
O carvão ativado é usado em tratamento de água para remoção de compostos orgânicos bem como para a remoção de cloro livre usado em etapas anteriores como agente de controle microbiano. O cloro, a partir de uma determinada altura de leito, passa a ser removido, pois esta é uma das finalidades do uso do carvão ativado e, ao longo do leito, podem ocorrer focos de contaminação se microorganismos estiverem presentes na água, eles podem se alojar na porosidade do carvão ativado utilizando o material adsorvido como alimento e se multiplicando.
É necessário estar sempre atento, pois em situações operacionais em que o filtro é usado de modo intermitente, pode acontecer foco de contaminação pelo ar que entra pelos respiros quando o filtro é esgotado, por escapes e passagem pelas válvulas de retenção e tubulações com vazamentos ou mesmo pelo manuseio do carvão ativado e de outros materiais filtrantes usados no sistema. Sendo assim, alguns passos devem ser seguidos para o controle microbiológico do filtro de carvão ativado, tanto no início da operação nos procedimentos de troca bem como durante a operação.
A sanitização de filtro de carvão ativado
Um procedimento adotado por muitas indústrias é o uso de vapor saturado, com aproximadamente 120°C passando pelo filtro por cerca de 2 horas. A sanitização por temperatura é o método mais usado industrialmente e tomado como prática de controle, pois não agride o carvão ativado e não necessita de lavagens consecutivas para a retirada de produtos químicos remanescentes. Deve-se lembrar que todo o leito deve ficar com temperatura acima de 70°C para eficiência da sanitização por temperatura e que o vapor utilizado deve ser de boa qualidade. Fazer contra lavagem com água após a sanitização para uniformizar o leito, evitando caminhos preferenciais do fluxo.
Outro modo de sanitizar é deixar o carvão em imersão em uma solução de ácido peracético (que é uma mistura de peróxido de hidrogênio, ácido acético e água), na concentração de 3% por aproximadamente 2 horas. Lembrar que, como o cloro, o peróxido de hidrogênio pode ser removido pelo carvão ativado e pode não alcançar todo o leito. Contudo, bons resultados se têm observado com o uso deste biocida. Após a imersão do leito de carvão ativado, esgotar e lavar novamente com água para a remoção do residual até que o pH esteja equilibrado com o pH da água de entrada.
Caso o procedimento anterior não seja possível ou satisfatório, deixar o carvão em imersão em uma solução de soda 3% por aproximadamente 2 horas. Este procedimento remove parte da matéria orgânica aderida nos poros e juntamente com a mudança de pH a valor extremamente alto, ajuda a desinfecção. Um inconveniente deste processo é que pode demandar grande quantidade de água para posterior equalização do pH no processo de lavagem do residual de soda.